Para a língua Portuguesa
UM(A) CONTERRÂNEO(A)! Bem-vindo(a). Eu sou de São Paulo.
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DISCLAIMER: It should be noted that, while I strongly suspect I have Asperger's syndrome, I am not diagnosed. Nevertheless, my score on RAADS-R is 186, which makes me a pretty RAAD guy.
Sorry for this terrible joke, by the way.
Obrigado. Eu confesso que não estou participando, mas ainda assim eu espero que as manifestações produzam resultados.
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Lusófonos são raridade aqui (embora sejamos bastante numerosos mundo afora). Seja bem-vinda.
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Claramente do Brasil, Rashkalnikov. O vocabulário corrente é muito mais próximo do português do Brasil do que do de Portugal.
Bem vinda, já agora.
Eu entretanto nunca mais vi televisão... os protestos tiveram efeito? Que efeitos específicos? Eu lembro-me de ouvir falar da promessa de realização dum referendo (que acho que no Brasil se diz plebiscito), mas já nem me lembro sobre o que era exactamente. Tenho a ideia de que era sobre uma coisa importante.
Bem vinda, já agora.
Eu entretanto nunca mais vi televisão... os protestos tiveram efeito? Que efeitos específicos? Eu lembro-me de ouvir falar da promessa de realização dum referendo (que acho que no Brasil se diz plebiscito), mas já nem me lembro sobre o que era exactamente. Tenho a ideia de que era sobre uma coisa importante.
O efeito foi o que se poderia esperar do Brasil: as passagens de ônibus (cujo aumento foi o que desencadeou os protestos) retornaram ao valor anterior. As pessoas continuaram protestando durante mais alguns dias (sem nenhum motivo claro), mas logo pararam. No final das contas, apesar dos argumentos de que os protestos não ocorreram unicamente por causa da tarifa do transporte pública, a impressão que ficou é exatamente o contrário. Infelizmente, o principal motivo por trás da corrupção na política do Brasil é o próprio povo brasileiro: quase ninguém realmente tem interesse em fazer uma revolução de verdade e aqueles que conseguem entrar na política logo se mostram exatamente iguais aos políticos que criticavam.
Quanto ao plebiscito, a ideia era criar uma Contituinte para uma reforma política. Coisas como alterar a forma de escolha dos governantes, financiamento de campanhas, organização dos partidos etc. No entanto, a ideia foi descartada. De fato, no dia seguinte ao do anúncio, a presidente Dilma já indicava que não seria possível realizar tal plebiscito. Naturalmente, a população já esqueceu do assunto.
Quanto à Copa do Mundo, que tantas pessoas criticavam nos protestos... A FIFA declarou que mais de 70% dos pedidos de ingressos durante a primeira fase de vendas foram de brasileiros. Na segunda fase, a proporção aumentou: 86% dos compradores são brasileiros. Ou seja, se a presidente propor a reforma política em dia de jogo do Brasil, só as moscas comparecerão.
E este é um dos motivos pelo qual eu detesto política: no fim das contas, ela está fortemente vinculada aos piores vícios da humanidade. Não passa de uma forma de legitimizar a relação opressor x oprimido que sempre houve e sempre haverá na sociedade.
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DISCLAIMER: It should be noted that, while I strongly suspect I have Asperger's syndrome, I am not diagnosed. Nevertheless, my score on RAADS-R is 186, which makes me a pretty RAAD guy.
Sorry for this terrible joke, by the way.
Bem vinda, já agora.
Eu entretanto nunca mais vi televisão... os protestos tiveram efeito? Que efeitos específicos? Eu lembro-me de ouvir falar da promessa de realização dum referendo (que acho que no Brasil se diz plebiscito), mas já nem me lembro sobre o que era exactamente. Tenho a ideia de que era sobre uma coisa importante.
O efeito foi o que se poderia esperar do Brasil: as passagens de ônibus (cujo aumento foi o que desencadeou os protestos) retornaram ao valor anterior. As pessoas continuaram protestando durante mais alguns dias (sem nenhum motivo claro), mas logo pararam. No final das contas, apesar dos argumentos de que os protestos não ocorreram unicamente por causa da tarifa do transporte pública, a impressão que ficou é exatamente o contrário. Infelizmente, o principal motivo por trás da corrupção na política do Brasil é o próprio povo brasileiro: quase ninguém realmente tem interesse em fazer uma revolução de verdade e aqueles que conseguem entrar na política logo se mostram exatamente iguais aos políticos que criticavam.
Quanto ao plebiscito, a ideia era criar uma Contituinte para uma reforma política. Coisas como alterar a forma de escolha dos governantes, financiamento de campanhas, organização dos partidos etc. No entanto, a ideia foi descartada. De fato, no dia seguinte ao do anúncio, a presidente Dilma já indicava que não seria possível realizar tal plebiscito. Naturalmente, a população já esqueceu do assunto.
Quanto à Copa do Mundo, que tantas pessoas criticavam nos protestos... A FIFA declarou que mais de 70% dos pedidos de ingressos durante a primeira fase de vendas foram de brasileiros. Na segunda fase, a proporção aumentou: 86% dos compradores são brasileiros. Ou seja, se a presidente propor a reforma política em dia de jogo do Brasil, só as moscas comparecerão.
E este é um dos motivos pelo qual eu detesto política: no fim das contas, ela está fortemente vinculada aos piores vícios da humanidade. Não passa de uma forma de legitimizar a relação opressor x oprimido que sempre houve e sempre haverá na sociedade.
Bom, estou a ver que a manipulação da opinião pública pelos media ocorre no Brasil tal como em Portugal _ e EUA e etc. É triste. E provavelmente aconteceu o que aconteceu aqui: há uma porção da população que se apercebe que algo tem de ser feito. No entanto, essa porção da população não é suficiente para mudar a situação. É preciso a maioria. Só que a maioria está cerebralmente lavada pelos media, que não cumprem o seu dever de informar imparcialmente. E deu em nada.
Voltamos a falar quando a bolha das dívidas soberanas explodir. Quando houver fome, logo se vê. Mas aí, quem for político terá que ser escoltado pelo exército para todo o lado. Eu estou de fora. Mas também não terei pena dos políticos.
Bem, pelo pouco que ela escreveu não consegui ter certezas quanto à variante da língua, ainda que o «Oi» seja predominantemente usado no Brasil.
Quanto à questão política, e desculpem-me se me intrometo na vossa discussão, a verdade é que esta súbita "onda de intervenção cívica" a que se assistiu no Norte de África, Turquia e Brasil foi completamente esquecida. E adivinho que o mesmo aconteça com a Ucrânia nas próximas semanas. No final de contas, todos estes pseudo-movimentos acabam por transmitir às massas exactamente o oposto daquilo a que se propunham: afinal, a vontade do povo não têm assim tanta força. E tudo volta ao status quo.
Pois é. É a mesma coisa em qualquer lugar do mundo e, por mais pessimista que pareça, eu tenho a impressão de que levará muitas gerações até que isso mude, se é que um dia mudará.
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DISCLAIMER: It should be noted that, while I strongly suspect I have Asperger's syndrome, I am not diagnosed. Nevertheless, my score on RAADS-R is 186, which makes me a pretty RAAD guy.
Sorry for this terrible joke, by the way.
Bem, pelo pouco que ela escreveu não consegui ter certezas quanto à variante da língua, ainda que o «Oi» seja predominantemente usado no Brasil.
Quanto à questão política, e desculpem-me se me intrometo na vossa discussão, a verdade é que esta súbita "onda de intervenção cívica" a que se assistiu no Norte de África, Turquia e Brasil foi completamente esquecida. E adivinho que o mesmo aconteça com a Ucrânia nas próximas semanas. No final de contas, todos estes pseudo-movimentos acabam por transmitir às massas exactamente o oposto daquilo a que se propunham: afinal, a vontade do povo não têm assim tanta força. E tudo volta ao status quo.
Raskolnikov, restringindo-me ao caso português,
Eu não acho que a "invasão" da escadaria da assembleia da República, pelos polícias em protesto, tenha sido inconsequente. Não acho que jogarem petardos para dentro do hemiciclo seja inconsequente. Que as múltiplas manifestações tenham sido inconsequentes. Nem mesmo que vídeo dos gato fedorento, cuja piada é discutível, seja inconsequente. Uma prova mais saliente é que o ministro das finanças se demitiu depois de lhe terem, literalmente, cuspido em cima num supermercado.
Se não é inconsequente nos seus objectivos, muito menos tem o efeito oposto aos seus objectivos. O problema é que não há gente suficiente a manifestar-se. Mas nós somos 10 milhões. Basta um gajo pegar numa arma e matar o primeiro ministro que isto dá logo uma volta. Não acho que seja o caminho. Mas sei que eles vivem aterrorizados que isso aconteça. Pelo menos tenho a satisfação de que eles vivem em medo pela própria vida, dia e noite. Nunca tiraria uma vida _ que fique claro. Mas, de novo, não teria pena.
Eu acho que o caso de Portugal é um pouco diferente dos supra-mencionados (Brasil, Turquia, etc.). Primeiro porque Portugal perdeu grande parte da sua soberania para as instituições europeias (e aqui falamos de um trade-off muito discutível entre custos e benefícios que tal acarreta). Depois Portugal não é nenhuma economia emergente. Enquanto no Brasil se reclamava equidade na distribuição da riqueza gerada com o recente boom económico do país, os portugueses lutam "apenas" pela defesa de direitos adquiridos e de um certo nível de vida a que estavam habituados. Diria que a situação de Portugal seria, teoricamente, mais preocupante no que respeita a tumultos sociais. Não se avizinham melhorias consideráveis a curto/médio prazo. Já no Brasil, apesar de toda a corrupção que se sabe, o crescimento económico sempre suporta alguma melhoria nas condições de vida de milhões de pessoas. É mais fácil apaziguar os ânimos.
Não sendo fã deste governo (ou de qualquer outro), uma coisa há que reconhecer: Portugal caminhava numa rota de insustentabilidade há muitas décadas. Por mais demonizado que seja, o programa de ajustamento económico era um mal necessário. E poderia ter sido feito de muitas outras formas, algumas delas certamente com custos sociais muito menos notórios. Infelizmente, no pobre panorama político deste país (e da União Europeia, em geral) ninguém foi capaz de delinear uma alternativa séria ao programa de governo e da troika. O PS abraçou o joguinho do "bota-abaixo", assumindo uma postura meramente destrutiva (em especial no último ano e meio). À esquerda do PS é o que se sabe [e eu considero-me um tipo de esquerda].